O Conselho de Política Monetária – Copom, do Banco Central do Brasil, em sua reunião de 15 e 16 de junho de 2021, analisou a conjuntura econômica e o que está afetando a economia do país.
Panorama geral
Na análise do ambiente externo, percebe-se que alguns países desenvolvidos promovem uma robusta recuperação da sua economia com estímulos fiscais e monetários, que, segundo a análise, podem ter longa duração. Já para os países emergentes há incerteza quanto aos riscos de inflação.
Internamente os indicadores econômicos mostram uma evolução mais positiva do que o esperado, e tem-se visto revisões para cima das projeções de crescimento do Brasil, já que os riscos para a recuperação econômica foram significativamente reduzidos.
Conforme a Ata do Copom, as expectativas de inflação para 2021, 2022 e 2023 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 5,8%, 3,8% e 3,25%, respectivamente.
Há ainda pressões inflacionárias de demanda, em especial de bens industriais.
Também o risco no cenário hídrico e elétrico pressionam no curto prazo.
O Copom ainda traz informações do Instituto Focus: “No cenário básico, com trajetória para a taxa de juros extraída da pesquisa Focus e taxa de câmbio partindo de USD/BRL 5,052, e evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC), as projeções de inflação do Copom situam-se em torno de 5,8% para 2021 e 3,5% para 2022. Esse cenário supõe trajetória de juros que se eleva para 6,25% a.a. neste ano e para 6,50% a.a. em 2022. Nesse cenário, as projeções para a inflação de preços administrados são de 9,7% para 2021e 5,1% para 2022. Adota-se uma hipótese neutra para a bandeira tarifária de energia elétrica, que se mantém em “vermelha patamar 1” em dezembro de cada ano-calendário.”
Riscos em relação à inflação
O Copom prevê que o cenário básico para a inflação envolve fatores de risco em ambas as direções, podendo haver reversão, mesmo que parcial, do aumento recente nos preços das commodities internacionais produzir uma trajetória de inflação abaixo do esperado.
Contudo há possibilidade de prolongamento de políticas fiscais de resposta à pandemia, podem pressionar a demanda agregada e piorar a trajetória fiscal podendo elevar os prêmios de risco do país.
Segundo o Copom, “apesar da melhora recente nos indicadores de sustentabilidade da dívida pública, o risco fiscal elevado segue criando uma assimetria altista no balanço de riscos, ou seja, com trajetórias para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária.”
O Comitê avaliou que os estímulos fiscais e monetários estão promovendo crescimento econômico robusto e que as últimas divulgações de inflação surpreenderam em vários países, tanto desenvolvidos quanto emergentes. Para o Comitê, novas discussões sobre o risco de um aumento duradouro da inflação nos Estados Unidos podem tornar o ambiente para as economias emergentes desafiador. O Copom notou que a inflação de bens comercializáveis no Brasil foi superior à observada em vários de seus pares e que esse processo pode se inverter no futuro, criando um novo risco baixista para a inflação. O recente aumento do peso de itens comercializáveis no índice de inflação aumentaria a relevância desse evento.”
De acordo com a avaliação do Copom, a atividade econômica do país, no segundo semestre de 2021 deve mostrar uma retomada robusta da atividade, na medida em que os efeitos da vacinação sejam sentidos de forma mais abrangente.
A própria pesquisa Focus passou a ser mais otimista que o cenário básico, indicando projeções de crescimento.
Após todas as discussões entre os membros do Comitê, foi decidido pelo aumento da taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, para 4,25% ao ano. “O Comitê entende que essa decisão reflete seu cenário básico e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2022. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.”
A tendência para a próxima reunião, segundo o Comitê, é de continuação do processo de normalização monetária com outro ajuste da mesma magnitude.